Pular para o conteúdo principal

ESPAÇO E TEMPO


“Onde quer que tu vás, ou dia ou noite
Vai seguindo após ti meu pensamento”
Leito de folhas verdes – GONÇALVES DIAS

Em algum lugar do meu passado torno-me presente
sempre que penso em ti.
Viajo do meu presente, que é o futuro,
para viver (não reviver) essa minha grande e única paixão.
Lá eu te conheço, envolvo e te busco para mim.
Com o meu esforço de ganhar o teu amor, tu me percebes e
começas a sentir o que também sinto por ti.
Perdes-te loucamente por mim
numa avassaladora paixão que não tem fim.
Nos amamos sem medo, sem receios em vão;
nosso amor é sublime, lindo e inimaginável.
Não há nada mais belo que o nosso amor,
mas por infelicidade alguém me acorda e do meu passado,
que era o presente, volto ao futuro
que é agora o meu atual presente.
Tive o meu futuro em algum lugar do meu passado.
Não sei o que fazer para continuar a viver
aquele meu passado que tanto se distancia do futuro.
Não sei se tu existes mais; tua época é passada e a minha é atual.
Vivi o meu futuro no passado que era o teu presente
encaminhando-se para o futuro.
Na realidade tu não existes mais,
por isso sou inconformado e triste.
Infelizmente ainda existo e isso é o que nos separa.
Se eu deixasse de existir, nós nos uniríamos outra vez
num lugar onde não há noção de espaço e tempo?
Deixa-se de ter noção de espaço e tempo
quando se perde a percepção dos sentidos,
anulando a possibilidade de conhecer através dos sentimentos.
E sentimentos... tenho muitos a partir de ti.

(Primeiros Momentos, 2001)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CACIQUE DE RAMOS, O DOCE REFÚGIO DA SAGRADA TAMARINEIRA

      No último domingo de julho, eu recebi um convite irrecusável. Até que enfim: eu pisaria o chão do Cacique de Ramos! Reduto de inúmeros famosos do mundo do samba, entre Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Almir Guineto, Jorge Aragão, Marquinhos Satã, Beto Sem Braço, Arlindo Cruz, Neoci, Sombrinha, Cleber Augusto, Jovelina Pérola Negra e Luiz Carlos da Vila. Ufa! São tantos e tantas mais. O ano era 2008, o último bissexto da década de 2000. Por mais estranho que parecesse, eu ainda não havia transitado pelo espaço da sagrada árvore tamarineira. Eu conhecia os pagodes da rua Bariri, mas não os da rua Uranos. Como poderia eu ainda não ter conhecido esse tradicional território do samba no Rio de Janeiro? Quando criança, passei muitas vezes de ônibus pela Uranos, em Olaria, e olhava para a entrada, mas isso não conta. A primeira passagem, penso, deve ter sido quando meus pais nos levaram, eu e meus irmãos, ao parque de diversões Shanghai, que fica aos pés da Igreja de Nos

A INVASÃO DOS ESKRULLMÍNIONS E A RESISTÊNCIA DOS ANTI-HERÓIS BRASILEIROS

No início do século XXI, após o encerramento das batalhas da Guerra Civil, os heróis da Marvel se mantiveram divididos em dois blocos: os que apoiavam a causa do Homem de Ferro e os que acreditavam nos ideais do Capitão América. Com o desfecho desses episódios, aparentemente o entendimento passou a reinar entre os dois grupos. Até o momento em que eles descobriram que há anos ocorria uma invasão secreta de alienígenas no Planeta Terra. Era a invasão dos eskrullmínions. E o foco da ocupação era um país da América do Sul, o Brasil. Eles se proliferavam de tal maneira que não dava mais para saber quem era quem, pois a raça desses usurpadores alienígenas tinha a capacidade de metamorfosear sua aparência em pessoas normais, as quais achávamos que conhecíamos. Ainda que tivessem similaridades no perfil das redes sociais - óculos escuro e cara de mau -, não conhecíamos mesmo! Eles estavam apenas escondidos nos armários! Mas como o dedo coçava, lançavam alguns comentários suspeitos nas rede

É NA ENCRUZA QUE NOS ENCONTRAMOS

Em 2018, eu preparava a mala para participar do 3º Festival Afro-Montuvio, em Calceta, pequena cidade que fica na província de Manabí, na costa do Equador. Em duas noites, conheceria a cultura dos montuvios, camponeses que habitam a zona costeira, imbricada por inúmeros rios. Na realização desse festival afro-equatoriano, havia um grupo de montuvios e afro-esmeraldeños reunindo artistas e intérpretes, para celebrarem as ascendências africanas e indígenas como resistência da tradição oral. De dia: conversas e compartilhamentos sobre as identidades e os seus entrelaçamentos. De noite: músicas, teatro, dança, improvisações e declamações de poesia. Fui convidado por minha amiga, promotora cultural e poeta Alexandra Cusme. Nós nos conhecemos em outro evento, em Piriápolis, no Uruguay, em 2015. E ela tinha me prometido um dia me convidar, e o convite surgiu em 2017. Este foi o ano em que ocorreu um terremoto que destruiu muitas casas, matando muita gente. Ruínas que pude ver no ano seguin